Sempre digo que, para nós da Giralua, o trabalho é operário. Mas quem nos manda? E quem nos paga? Nós nos mandamos, operamos por nossa própria disciplina. Nós nos pagamos e prestamos conta de nossa planilha, no caso de um prêmio em edital, por exemplo, ou somos contratados por Sesc ou Sesi, ou escolas e até prefeituras... antes, em outro tempo já trabalhamos no Teatro corporativo em diversas empresas. Enfim, é algo próprio e versátil, não seguimos o padrão cartesiano capitalista do trabalhador assalariado mensalista de carteira assinada. Mas, sim somos como formigas, recolhe na estação próspera e guarda um estoque para a estação árida.
Comprovar renda dá certo trabalho, para que os avaliadores compreendam que não somos da caixinha da normalidade. Podemos receber um valor razoável em um determinado mês e não receber nada durante 3, 4 meses. Receber sobre um projeto premiado um semestre e ficar o semestre seguinte sem receber nada ou o insuficiente para saldar todas as dívidas... E nestes meses dá -lhe cartão crédito aff credo em Cruz livrai nos Deus nosso senhor!
Temos que dar o melhor de nós sob nossa própria avaliação e por fim, principalmente, passar pela avaliação do público, o qual acessa a fruição do nosso trabalho.
Ainda que, de uns anos pra cá, pudemos ter um pouco mais de disciplina a descansar e trabalhar alternados, mas já chegamos muitas vezes e durante muito tempo a não distinguir a diferença das horas e nunca parar de trabalhar.
O tempo é um bom amigo! A gente envelhece, no entanto tem mais consciência!
A Giralua foi criada como companhia de artes por um casal de ator e atriz, é sabido, mas o que não contamos sempre é que junto a Companhia nasceram os filhos gêmeos e já tinha um filho. Na época, (agora já épico) Val com 27 anos, Alessandro com 24, 3 filhos e decididos a viver da Arte. Foi difícil e foi bonito. Ainda é, claro! Sempre com certo temor pelo futuro, pois, por esta questão do financeiro sempre incerta, bate aquela queimação no estômago muitas vezes (estresse de preocupação né!) Mas também muito bonito viver com certo desapego da certeza. APRENDER a Viver com muita confiança e andar com fé.
Agora após 20 anos, com os filhos criados e parceiros na trajetória artística tudo faz sentido e vivenciamos uma abençoada colheita.
Cora Coralina, para nós uma querida conselheira diz: "Um homem estará sempre plantando"
Para nós o sentido é concreto e figurado. Plantamos arte e jardins e colhemos risos e flores e vivemos com abelhas e beija-flores (também batalhando contra pulgões e caramujos e também contra governos opressores)
Sempre havemos de pensar no futuro, na velhice do pobre, do artista... Mas sobre isso só dá para falar daqui uns 30, 40 anos. Até lá teremos que trabalhar muito, mas muito mesmo!!! E novas ideias devem chegar das estrelas!
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