Conta
a lenda Iorubá que Xangô foi Rei de Oió, destemido e justiceiro,
tinha apenas um temor, a Morte e os mortos. Yansã, A Destemida, uma
de suas esposas, que não teme nada, recebe um pedido do Rei para
buscar uma poção mágica além do reino escuro e frio. A Senhora
dos Ventos segue em uma longa jornada e encontra o líquido
maravilhoso. Quando Xangô toma, de sua boca sai um barulho
ensurdecedor junto com o fogo. Mas com fogo não se brinca, nem mesmo
um rei, e a cidade fica incendiada, e Xangô sofre as consequências
juntamente com seu povo.
Na
história “A Mulher Búfalo” , o segredo de Iansã foi descoberto
por Ogum, O Ferreiro, que escondeu a pele e os chifres da Destemida,
para tê-la como esposa.
A
Cultura Popular, incluindo os contos de tradição oral são bens
imateriais e simbólicos de absoluta necessidade de transmissão
permanente. A Giralua Companhia de Artes tem em sua pesquisa este
ideal de repassar contos de tradição em suas contações de
histórias e espetáculos teatrais.
O
saber popular é uma fonte inesgotável e perfaz um espelho cultural
de cada povo e nação. Temas universais estão contidos nos contos,
por isso dotados de elevado grau de humanidade. Nas narrativas
africanas encontramos a beleza da simplicidade do ser humano
primordial, suas crenças e costumes. O tempo não é linear nas
histórias Iorubás, presente, passado e futuro se interpõem, e
acreditam eles, as histórias e as situações já vividas, sempre se
repetem em outras pessoas.
As
pessoas vivem o tempo, mas o tempo vive por si mesmo e dele é o
sempre, o eterno ou o agora. Passado, presente e futuro estão
sobrepostos e se repetem ciclicamente.
Nas
pesquisas de Reginaldo Prandi e Pierre Verger obtivemos as narrativas
advindas da Nação Iorubá, ou Nagôs. As histórias
afro-brasileiras sobre os orixás, foram adaptadas em contação de
histórias. Na linguagem dos contadores de histórias, interpretação
dos atores, com bonecos de manipulação e elementos cênicos,
cantorias e narração oral, apresenta-se a contação teatral.
A
performance literária foi criada para o Sesc Araraquara no projeto
“De Quem é Essa História?”, apresentado 20 vezes no Teatro do
Sesc e cidades da Região (Matão, Itapuí, Dois Córregos e Bocaina.
Foi
recebida com muito apreço pelo público infanto-juvenil, pois
delicada e forte, religa e conecta a todos nós brasileiros, filhos
miscigenados da Grande Mãe Africa e do Velho Mundo Europeu, desta
forma sentimos o sangue ancestral que pulsa em nossas veias e estas
histórias nos reconectam com esta origem.
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