Espetáculo com interpretação de atores e manipulação de bonecos os quais figuram os personagens fantásticos do enredo. É uma divertida peça teatral que traz o clima da vida do homem do campo, com seus costumes, crenças, alimentação, cantigas. O público é contemplado pelos personagens que interagem com eles como se fossem seus convidados e confidentes.
A referencia foi absorvida de obras literárias de pesquisadores da cultura popular brasileira nas obras de Câmara Cascudo, Ricardo Azevedo, Raul Bopp, Mario de Andrade, Silvio Romero, coletâneas e dicionários de provérbios e loçuções e arte popular brasileira.
Acreditamos que escolhemos esta vertente de trabalho por um grande amor pela nossa cultura brasileira e a importância da difusão da nossa pesquisa. A necessidade é de identificação, conhecer a própria gênese, se reconhecer dentro de uma cultura e mirar um futuro de memória preservada. A pesquisa bibliográfica nos abriu vários horizontes a respeito da riqueza cultural do povo brasileiro criando em nosso intimo uma certa angustia em constatar que o o mesmo povo não desfruta ativamente de sua identidade original.
Muitas vezes há um abismo entre o que as pessoas esperam de novo e o que queremos mostrar do velho... Mas em dado momento chega uma grande identificação com nossa proposta, algo ancestral, que vive dentro de cada um. É isso que queremos com nosso trabalho, buscar os mitos e as crenças que formaram nossa cultura social e moral enquanto um povo miscigenado que habita o Brasil.
Os personagens não são pessoas que conhecemos para nos inspirar em algum indivíduo particular, mas uma essência arquetípica que vive no brasileiro representada em gestos, dialetos, provérbios, crenças e superstições com os quais convivemos em nosso cotidiano. Então vamos captando um pouco aqui, um sentido ali e fazemos uma fusão. Também nossos avôs são grandes inspiradores, bem como vizinhos da infância e pessoas reais que convivemos em nossas viagens de pesquisa pelo campo. Nosso grupo gosta de escutar histórias então a pesquisa é feita em qualquer hora em qualquer lugar, de repente paramos para tomar uma garapa na feira livre e encontramos ali um riquíssimo material de manifestação popular. As pessoas carregam toda a história do mundo com elas. Mas é claro que buscamos também as bibliotecas. Tivemos várias vivências de residências no interior de Minas Gerais, interior de São Paulo e interior do Estado do Ceará.
E quanto às crianças? Elas já nasceram neste mundo tecnológico e é para elas que este trabalho tem mais valor. Elas se encantam e perguntam após a apresentação - “ Era assim mesmo?”- Deve ser estranho para elas imaginar que num tempo não tão distante não tínhamos luz, nem fogão a gás, muito menos televisão... Então nos sentimos como uma ponte entre passado e presente.
O trabalho da Cia Giralua compartilha com muitas outras iniciativas de permanências da arte popular. A Companhia teatral é formada por eruditos comprometidos com a divulgação da cultura do povo, pois acima de tudo todos somos povo. O grupo teatral visa a educação e a divulgação da memória popular como formadora em nível intelectual. O grupo busca uma vivencia e transmite a variados públicos através de sua arte. Uma peça teatral feita para crianças e toda a familia que se envereda por este caminho, da pesquisa erudita à representação simbólica em alegorias. Os educadores podem explorar além de Monteiro Lobato e os alunos e públicos podem compartilhar narrativas a partir das próprias histórias resgatadas dos familiares, prevalecendo a idéia de pertencimento coletivo a um passado comum dentro da nossa tradição.
Cenário e Figurino
Sabíamos o que não queríamos, nada brilhante, sintético, hi-tech; queríamos o fosco, a cor da terra, do fogo, do alimento cru. O nosso processo é coletivo e as idéias novas conversam esteticamente com os valores tradicionais, resultando por fim em uma afinação com o percurso temático e figurativo do texto.
Para contar histórias da roça, do passado, tem que ter ambiente do interior. Na ambientação usaremos elementos e objetos que remetem à memória da roça e do interior. No cenário uma casa com fogão a lenha, pilão, lampião, colcha de retalho, potes de biscoito e outros.
Currículo do Espetáculo
O espetáculo, “Histórias Fantásticas do Avô do Bisavô de Agripino” foi criado em 2000 nestes dez anos foi apresentado em centenas de escolas, em diversos locais e eventos folclóricos, entre eles: Museu Municipal em Santa Bárbara, Festival do Saci em Botucatu; Teatro Municipal de Bauru, Teatro Municipal de Santa Bárbara ; Rede Municipal de Nova Odessa; Sesc Birigui, Piracicaba, Campinas e Bauru; Cidades do Sul de Minas Gerais: Mirantão e Camanducaia.
PÚBLICO ALVO
infantil de 3 a 11 anos.
SINOPSE
O velho Agripino Contador tem muitos causos em sua memória, histórias vividas e ouvidas desde o tempo do tataravô... mula sem cabeça, lobisomem, bicho papão, e outros personagens fantásticos povoam as suas divertidas anedotas. Mas... Agripino está botando os pés pelas mãos, tem umas contas antigas para acertar com o Curupira e o saci pererê rodopia com suas traquinagens pelo Sítio da Pedra Branca. Bastiana dos Remédios, não acredita em nada disso, o que a esposa quer é ajudar através de suas promessas a encontrar um dos olhos do marido que o Curupira escondeu.
FICHA TÉCNICA
Criação: 2000
Dramaturgia : Alessandro Brandão e Val de Castro
Direção: Coletiva da Cia. Giralua de Artes
Cenografia e construção dos bonecos Alessandro Brandão
Figurino: Fabiana de Castro/ Zina de Oliveira
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